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| Contaminação por hormônios femininos afeta estuário santista-vicentino – EcoVozes
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| Contaminação por hormônios femininos afeta estuário santista-vicentino

NÍVEIS DE ESTROGÊNIO EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DE UM SISTEMA ESTUARINO BRASILEIRO MULTI-IMPACTADO

Autores: Fábio Pusceddu, Lucy Elaine Suagauara, Mary Rodris de Marchi, Rodrigo Brasil Choeuri e Italo Braga Castro.

Tipo: Artigo científico

Instituição: Unifesp, Unesp, UNISANTA, USP

Ano de Publicação: maio de 2019

Repositório Institucional: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0025326X19302371

RESUMO

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Os níveis de estrogênio foram avaliados em sedimentos superficiais de um dos sistemas estuarinos mais industrializados e urbanizados da América Latina (sistema estuarino SSES, Santos e São Vicente). O estriol (E3) apresentou níveis quantificáveis ​​em todos os locais amostrados, variando de 20,9ngg − 1 a 694,2ngg − 1. O 17β-estradiol (E2) e o 17α-etinilestradiol (EE2) também foram detectados em quase todos os locais amostrados. A maior concentração de E2 foi 23,9ngg − 1, enquanto os níveis elevados de EE2 foram 86,3ngg − 1. A ocorrência de estrogênios na SSES foi difusa e parcialmente relacionada a um emissário de esgoto doméstico. Estrogênios também foram encontrados em áreas com contribuição substancial de efluentes sanitários de domicílios não atendidos por serviços de saneamento. Nossos resultados reforçam que os estudos sobre contaminação ambiental por estrogênios não devem se limitar espacialmente às vizinhanças de fontes pontuais. Esses resultados contribuem para aumentar a conscientização sobre a necessidade de uma abordagem formal para avaliar os riscos ecológicos dos estrogênios na SSES.

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Contaminação por hormônios femininos afeta estuário santista-vicentino

No estuário brasileiro, principalmente, o sistema estuarino Santos-São Vicente, foram encontradas concentrações de três tipos de estrógenos em porcentagens altas. O estudo foi focado em três hormônios estrógenos: o estriol, o 17-beta-estradiol, que são hormônios naturais, e o 17-alfa-etinilestradiol, de fabricação sintética.

O E2, estradiol, é um hormônio sexual e esteroide, principal hormônio sexual feminino, importante na regulação do ciclo estral – série de mudanças fisiológicas recorrentes que são induzidas por hormônios reprodutivos na maioria das fêmeas – e do ciclo menstrual.

Já o EE2 é o etinilestradiol, um derivado de estradiol. O EE, como é conhecido cientificamente, é um estrogênio bioativo utilizado por via oral, usado em muitas formulações de pílulas anticoncepcionais. É um dos medicamentos mais comumente utilizados para esta finalidade.

Essas duas substâncias foram encontradas em concentrações em que são observados efeitos sobre a biota marinha, circunstância incomum e ambientalmente alarmante. No geral, os valores de concentrações encontrados para o estriol e estradiol podem acarretar riscos aos organismos aquáticos quando são expostos a esses alteradores por longos períodos.

O complexo estuarino santista-vicentino fica localizado o Porto marítimo mais movimentado da América Latina e um dos mais importantes polos petroquímicos do país. Nessa região, o tratamento de esgoto sanitário é praticamente inexistente, cobrindo aproximadamente 20% de toda população, de acordo com dados da pesquisa. Com isso, não há estudos adequados sobre a ocorrência ambiental e a dinâmica de estrógenos ou outros alteradores endócrinos no local.

Essa contaminação ocorre, de fato, através de esgotos sanitários. O Sistema Estuário-Baía de Santos, neste sentido, é estritamente complexo, porque, em números, boa parte do sistema de tratamento de esgoto das cidades é coletado pela empresa de saneamento, porém, os dados sobre esse tratamento não incluem moradias subnormais, como favelas, palafitas e, estas habitações são um dos principais acessos a entrada de esgoto na baía.

Os riscos estão sendo amplamente estudados. Em peixes, os efeitos nocivos em relação a reprodução são largamente reportados, tanto em machos quanto fêmeas. Mesmo em invertebrados, que não possuem exatamente os hormônios que participam do estudo, tem-se observado efeitos sobre crescimento, reprodução, processo de muda, como a troca de carapaça, muito importante no desenvolvimento de crustáceos, efeitos bioquímicos e entre outros.

Autores

O estudo de autoria de Fábio Pusceddu, Lucy Elaine Suagauara, Mary Rodris de Marchi, Rodrigo Brasil Choeuri e Italo Braga Castro, produzido em Universidades da Baixada Santista, tem como objetivo contribuir com a discussão mundial sobre o tema, além de chamar atenção para um problema que cresce de maneira nacional.

Publicado em 2019, a coleta de amostras ocorreu em 2015. Todo o processo durou entre 6 a 8 meses, com o intervalo mais longo entre a coleta e a publicação.

A poluição hormonal de esteroides estrógenos de origem humana no ambiente é consenso na comunidade científica. Em países como Estados Unidos, Canadá, e Austrália, o consenso científico de que substâncias farmacêuticas e de cuidado pessoal, incluindo, mas não se limitando a estrógenos, causam problemas ambientais sérios tem influenciado o debate público sobre a necessidade de remoção destas substâncias de efluentes municipais.

Segundo Rodrigo Choueri, professor universitário e um dos autores do artigo, no Brasil, ainda não há sensibilização sobre este problema. “Ainda lidamos com necessidade de ampliar a coleta e, quando ocorre, não garantimos tratamentos convencionais para remoção de matéria orgânica, nutrientes, patógenos. Em Santos, por exemplo, não há tratamento de esgoto, além de um peneiramento grosseiro para retirar resíduos e lixo”.

Apesar de não haver uma revisão exaustiva sobre a presença dessas substâncias, as maiores concentrações que foram encontradas no artigo “Níveis de estrogênio em sedimentos superficiais de um sistema estuarino brasileiro multi-impactado” são, em diversas ocasiões, mais altas do que os maiores níveis de concentrações utilizados na bibliografia sobre o tema.

FALE DIRETAMENTE COM O AUTOR: rodrigo.choueri@unifesp.br

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Como citar: Pusceddu, Fabio Hermes et al. Estrogen levels in surface sediments from a multi-impacted Brazilian estuarine system. Marine Pollution Bulletin. Oxford: Pergamon-elsevier Science Ltd, v. 142, p. 576-580, 2019. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0025326X19302371

 

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Franciele Ferreira

Franciele Ferreira faz parte da geração que acredita no poder do sustentável e na força da preservação ecológica. Com experiência em comunicação institucional, Franciele é responsável pela criação visual do site, produção de matérias e faz o garimpo dos trabalhos acadêmicos. Junto de sua colega de turma, a jornalista vê na criação do portal uma chance de mudar o protagonismo do jovem no cenário do jornalismo atual, transformando o debate local ambiental em um assunto de esfera pública. Assim como Carolina, ela quer seguir na produção de reportagens para a plataforma se tornar formador de opinião na região.
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